Pintura de Leleu Prazeres |
A estrada, o céu, as estrelas e paredes se
misturavam em cores, tudo tremia no colorido, tudo balançava, mas a consciência
intacta o fez refletir magneticamente a condição que se encontrava.
Os olhos enxergavam o mundo e as pessoas derreterem
em segundos, porém o corpo estava erguido defronte ao receio de cair. E logo se lembrou do velho conceito de Max que
dizia: “tudo que é solido desmancha no ar”.
Gregório definiu esta situação ao perceber
seu transe eloqüente na fuga para encontrar o caminho de casa. Emocionante
mesmo foi quando, se deparou olhando no espelho procurando entender a situação
tão significante. Mesmo diante do sufoco de explicar o inexplicável, Gregório,
sorria como uma criança, como um alguém que comia doce em plena primavera
rodeado de flores.
Há quanta loucura, imaginou Gregório ao
olhar os velhos e jovens caminhando pela rua sem entender o acontecido. O medo
se dissipava em instantes e aos poucos tudo voltava ao normal, o desequilíbrio
se equilibrava em lembranças e a luminosidade repentina acalmava o coração.
Tudo passou e o que restou do momento viajante foi a lembrança e atitude do
querer mais. Gregório confessou estar convicto, querer provar novamente o
estado ludibriante, porém desta vez, num lugar distante da civilização.
Em seu transe, Gregório, sabia que na
realidade o mundo, principalmente o Brasil, estava sediando a copa, era
semifinal e a seleção brasileira disputava uma vaga na final. O resultado
catastrófico, sete a um para os visitantes, uma goleada histórica. Após o
triunfo alemão, não tinha zoada na rua, não existia felicidade momentânea,
apenas o silêncio.
Gregório já sabia que a seleção brasileira não
tinha possibilidade para ganhar da Alemanha, mas sabia que tudo se derretia em
brilho emocionante na viagem interpessoal.
Vicente Andrade
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