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Dya Ferrari |
Caminhando nos lugares
desconhecidos e pequenos encontramos pessoas com o coração bom e irreverente.
Imagine quantos artistas não existem por aí e que precisam de espaço para
falar.
O blog Vicente Andrade
contribui com a missão de dar voz aos que não tem voz e por isso, escrevo a
favor dos excluídos.
Laje é um município que fica
distante a 203 km da capital baiana (Salvador). De acordo com dados do IBGE de
2004, a população da cidade chega a quase 21 mil habitantes.
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Foto de laje extraída da internet |
A economia da cidade em sua maior
parte é permeada pela agricultura diversificada com o plantio da mandioca, a
criação de bovino, suínos e muares.
Dentre essa diversidade,
laje conta com diversos artistas libertários e entre esses o compositor,
poeta, professor e funcionário público, Dya Ferrari.
Dya Ferrari tem 62 anos e
cumpri sua história escrevendo e falando o que pensa. Desde então, vive sua
própria loucura de vida em becos e avenidas da pequena cidade.
Morador da rua João Freire de Assis, Dya possui em seu acervo, mais de 400 escritos entre músicas e poemas. Vale a pena conferir pelo link.
Morador da rua João Freire de Assis, Dya possui em seu acervo, mais de 400 escritos entre músicas e poemas. Vale a pena conferir pelo link.
Conhecimento
Lembro-me de quando o conheci, sentado no bar, cabelos grandes, magro e com o espírito jovial. Falamos de política, filosofia e coisas da vida.
E com um tom irônico Dya me disse assim: “ A vida é maravilhosa, as vezes nós que cagamos nela”.
Essa frase bastante humorada, evidenciava a irreverência do Dya Ferrari. As vezes ele é taxado como um
louco, sem noção, por outro lado, eu o via como um ser que tinha muita história e ensinamentos a me oferecer.
As vezes, angustiado para
dialogar e tentar definir os aspectos da solidão, Dya Ferrari, conseguiu
expressar em acordes e ritmos os seus próprios passos eloquentes e sadios
referente as mesmices da sociedade em que vive.
Dya Ferrari é
um cara simples e cheio de defeitos como todos nós, cada um com sua intensidade
e assim eu compreendia o poeta.
Dya é um autodidata, pois, aprendeu a toca violão
e a musicar as canções próprias, por isso, merece aplausos pela perseverança.
E assim ele dizia para os
críticos:
“Quem me aponta indica um
único defeito meu e não nota as noventa e nove virtudes para somar com aquilo
único que é teu”.
Além disso, Dya também
comentou que: “quem me critica só tem cri-cri na cabeça e eu nem tica para
eles”.
Dessa maneira ele se liberta e é libertador de toda a grandeza material visível.
Quando eu estive visitando a
cidade de Laje, eu já tinha endereço certo, estava sempre visitando a casa do
poeta, tocando violão e tomando algumas cervejas e assim rompíamos a noite.
As
conversas
Desde então, não falávamos
de outras coisas se não de poesia, literatura, música, existência humana e
política e assim expressou:
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Dya e seu cão Cazuza |
“ A política de Laje deixa a
desejar, pois o que enxergo é a politicagem”. Pena que essa peculiaridade esta
espalhada por todo o Brasil.
Nesse contexto, nasceu e
perdurou uma amizade franca e verdadeira entre eu e o Dya Ferrari e que exponho
essa homenagem ao grande escritor nesta matéria.
Não posso deixar de
considerar que foi um acaso, mas em pouco tempo percebi que o Dya Ferrari
elucidava seus sentimentos e histórias.
Daí ele me contou: “ O nome
da minha rua foi eu quem colocou, antes se chamava Rua da linha e hoje chama-se
Rua João freire Assis”.
Perguntei a ele incisivo
porque lutou para trocar o nome da rua e ele imediatamente me respondeu:
“ João Freire Assis foi um
dos maiores empreendedores das terras de Laje. Ajudou a emancipar a cidade,
criou o serviço de água e energia elétrica
e também criou uma rua para os empregados conhecida como a Rua do ABC,
muita gente da nossa cidade não conhece a história, é lastimável”, concluiu
Dya.
A vida de um poeta
Dya Ferrari sempre morou em
laje, mas durante sua existência percorreu por diversas cidades brasileiras
como São Paulo, Rio de Janeiro, Itabuna, ilhéus, Porto Seguro, Una e Santo
Antonio de Jesus.
Dya é apolítico, mas prega o
bem social, tem visões humanistas e sempre aponta os defeitos de sua cidade
mostrando caminhos para melhorar o ambiente.
E de repente ele gritou, “eu quero é botar fogo nessa cidade e quem me
da gelo, eu sou o sol que faz a água evaporar”, expressou Dya entusiasmado e
com o sorriso no rosto.
Pelo jeito Dya curtia um rock,valsa, bolero e tantas outras, mas não, assim ele me disse, "eu curto música boa, que tenha letra, que seja diferente".
Trabalhos
Por
muito tempo Dya esteve na sala de aula
como professor do município, ensinou várias disciplinas como literatura,
português, redação, filosofia e também matérias que hoje já estão excluídas da
grade escolar como EMC e a OSPB.
Dya
não era professor titular, mas cobria as necessidades de laje, pois, além de ser
formado em magistério, Dya também se formou em turismo.
Dya
já trabalhou como pesquisador de opinião pública na Abril Cultural S.A. e
obteve menção honrosa no prêmio de poesias Florisvaldo Mattos.
“Fiz
tudo o que quis, e vivo a frase do Raul Seixas, “faz o que tu queres, pois é
tudo da lei”, explicou Dya.
O
poeta e cantor se livrou da garra imperialista, fugiu da mesmice e se libertou
ferozmente da pobreza humana e se acolheu numa busca de si e se encontrou.
Esses são os significados que Dya passou e passa para quem deseja dialogar sobre as coisas da vida.
Esses são os significados que Dya passou e passa para quem deseja dialogar sobre as coisas da vida.
Dya
é pai de Giovanna Lorena, que o presenteou, com sua única neta para deixar viva a
história e a hereditariedade do velho moço, Dya Ferrari, sempre avante e a
frente dos acontecimentos.
Você encontra o Dya por meio do face
Pela rua a solidão e o passo da multidão a julgar. Do outro lado da rua,
existe a liberdade prontamente a explodir, numa poesia eloquente e empolgante,
que faz sentir a própria arte despencar pelo punho libertário de viver...
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Vicente Andrade juntamente com o Dya Ferrari |
Prejulgamento e descaso ao doce terão milhões, pois não entendem o que é ser liberto com a própria solidão. E as perseguições de si é o caminho que o faz criar loucuras verdadeiras.....
Vicente Andrade para o poeta Dya Ferrari.
Ouça a música irreverente de Dya Ferrari, "Besteirol"
Vicente Andrade em
homenagem ao poeta Dya Ferrari
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