A literatura é uma arte de expressão, uma essência que eterniza
histórias, contos, poesias, fatos, sentimentos e tudo aquilo que se deve
existir. A literatura é um resgate e uma permanência de sentir-se vivo.
O Território Médio Rio de Contas é uma região rica em
diversos segmentos, principalmente, em se tratando de cultura. E para comprovar um pouco desse aspecto, foi realizado
nessa sexta-feira (4) e sábado (5), a primeira edição do Salão do Livro de Jequié
(SALIJ), no Centro de Cultura da cidade.
O evento reuniu uma gama de professores, historiadores, pesquisadores,
músicos, escritores, jornalistas, cineastas, fotógrafos, estudantes e tantos outros
amantes da literatura regional.
Oficinas de desenho artístico e literária, contação de
história, lançamentos de livros e palestras foram algumas das atividades que
integraram o evento.
100 anos de guerra no
sertão de Jequié e a primeira mulher do cangaço
Um dos destaques foi a palestra que retratou um pouco da história
de Anésia Cauaçu e os 100 anos de Guerra do Sertão de Jequié, na noite desse
sábado.
O palestrante, Domingos Ailton, mestre em memória social e
documentos pontuou que Anésia foi a primeira mulher a entrar no cangaço e já
liderava centenas de pessoas muito antes de Maria Bonita, mulher de lampião.
"No ano que Maria Bonita nasceu Anésia já liderava o seu bando" Domingos Ailton |
“Tem nos livros de história que Maria Bonita foi a primeira mulher a entrar no cangaço, isso não é verdade. Os documentos comprovam que Anésia foi a primeira mulher a entrar no cangaço. Pra você ter uma ideia, no ano que Maria Bonita nasceu, em 1911, Anésia já liderava o seu bando” explicou Domingos.
Domingos Ailton ainda completou que “naquela época onde o
machismo e o paternalismo imperava fortemente em nossa região, a Anésia também
foi a primeira mulher a vestir calças compridas, a montar de frente no cavalo e
ainda ter uma boa pontaria com a arma de fogo”.
Na ocasião, Domingos Ailton ainda lançou o romance Regionalista sobre a história de Anésia cauaçu e os 100 anos da Guerra
no Sertão de Jequié.
A violência das expedições
militares
Na edição do Jornal A Tarde, do dia 25 de outubro de 1916,
foi publicada uma entrevista com a Cangaceira Anésia Cauaçu, a publicação é um
documento importante que comprova a existência de Anésia como a primeira mulher
a entrar no cangaço.
Também, na mesma edição, o Jornal A Tarde denunciou a violência
e o genocídio causados contra os cangaceiros e também contra pessoas inocentes
da região. Os policiais faziam com que as pessoas comessem lama, fossem crucificadas
as margens do Rio de Contas e, além disso, jogavam crianças para o ar para
serem aparadas com baionetas.
A guerra do sertão de Jequié foi um confronto entre os
militares e os jagunços dos coronéis contra os cangaceiros Cauaçus.
Exposição fotográfica e
poemas
Retratos da infância na escola. Esse foi o tema da exposição fotográfica
do professor Diego Brito. Ao todo, foram exibidas 30 fotos de crianças com o
objetivo de mostrar o cotidiano da escola e dos alunos uniformizados.
“Eu fui fotografando essas crianças num período de dois anos
dentro da escola, mostrando o cotidiano delas. E essa infância da criança
uniformizada que venho revelar em
diversos retratos que traduzem outras infâncias” concluiu Diego.
Retratos da infância na escola com Diego Brito |
Maicelma Souza esteve presente e falou da importância do
evento para valorizar a cultura da região.
Maicelma Souza |
“Temos que referendar
que a arte é uma dimensão que precisamos valorizar e reconhecer o valor
dela para a formação do ser humano. Este
evento trata de uma temática relevante que é o reconhecimento dos escritos e
fotografias das pessoas da terra” frisou Maicelma.
Além das fotografias, durante o evento houve participação de
poetas. A escritora, Adriane Miranda, recitou poemas de autoria própria sobre
as questões do amor.
A escritora, Adriane Miranda, recitou poemas de autoria própria sobre as questões do amor. |
Vicente Andrade
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