Seu José e trabalhou durante 40 anos com a padaria Ipiaú |
O pão é um alimento sagrado que faz parte das refeições de
milhares de pessoas, principalmente, em Ipiaú.
Pela manhã ou tarde pessoas passam na padaria para comprar
pão quente da hora, pode ser de sal, milho, doce, arroz, cenoura ou de qualquer
outro tipo. Ai fica a gosto do cliente.
Em Ipiaú, existem centenas de padarias espalhadas pelos
cantos da cidade e um dos primórdios que trabalhou neste ramo foi o José
Carneiro Barreto.
Atualmente com 87 anos vividos, José está firme e forte esbanjando
serenidade e prontidão nas palavras. Certamente, ele ajudou a alimentar
centenas de famílias com saborosos pães.
Chegando a Ipiaú
Quando jovem seu José trabalhava na padaria de Dorgival, na
cidade de Jequié, isso nos anos 40 e 50. Pontualmente, trabalhava arduamente
para ganhar o próprio pão.
Nesta caminhada conheceu a esposa, dona Olga Martins Barreto,
e segue até hoje desfrutando as maravilhas do companheirismo somando 65 anos de
casamento.
Casou-se em Jequié e depois disso, veio para Ipiaú e aqui
disseminou as raízes por esse chão.
“ Cheguei em Ipiaú recém casado. Dorgival tinha muitos amigos
aqui e ele decidiu abrir uma padaria aqui. Quando foi em 53, com 20 anos, eu sai de Jequié e comprei a padaria na mão
dele. E foi assim que cheguei em Ipiaú e estou aqui até hoje. Daqui só saio
carregado para o cemitério (risos)” explicou José.
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Seu Jose e a esposa Olga. Já são 65 anos de casados! |
Foram 40 anos de padaria e trabalho. De acordo com José, como
não tinha rede elétrica na cidade, tudo era feito manualmente. O trabalho para
produzir o pão iniciava às 22 horas para preparar a massa às 5 da manhã assava.
Os funcionários de seu José foi Manoel Souza, conhecido como
Maneca, e Francisco ( Chico Gazo). Para seu José todos eles foram funcionários
muito bons.
A maçonaria de Ipiaú
Seu José também ajudou a criar a loja maçônica de Ipiaú. Ele
já foi presidente da loja e já exerceu todos os cargos e segue o rito até hoje.
Para José ainda existem pessoas ignorantes que não conhecem a
maçonaria e ficam disseminando coisas erradas sobre a maçonaria. Além disso,
contou como foi fundada a maçonaria de Ipiaú.
“O inicio da maçonaria de Ipiaú foi com Noé Bonfim. Na época,
os maçons daqui pertenciam a Jequié e daí sendo incentivados pelos maçons de Jequié
foi fundada a maçonaria de Ipiaú. A maçonaria é uma sociedade muito boa, sem
desmerecer as outras sociedades, mas a Maçonaria é de suma importância para a
vida das pessoas e é uma das melhores do mundo” pontuou José.
Já nos estudos, seu José relembrou que foi aluno de professor
Tatai, Italva Bastos, Salvador Da Mata, Altino Cerqueira e tantos outros.
Também lembrou que quando chegou aqui o prefeito da cidade era Juca Muniz.
As estradas de Jequié a
Itabuna
Naquela época além dos animais que serviam como meio de transportes,
também tinham ônibus que saiam de Jequié para Itabuna.
Seu José relembrou que a estrada de Jequié para Itabuna era
terrível, demorava muito e na época de inverno os ônibus e carros atolavam nas
estradas.
“O transporte daquela época era terrível, só tinha um ônibus de
Jequié para Itabuna. Saia de Jequié às 5 da manha e só chegava aqui 10:30. A
estrada era ruim, na época de inverno os ônibus atolavam, era péssimo e as
viagens eram longas” afirmou José
As transformações
Durante a conversa seu José também pontuou algumas transformações
em Ipiaú. Ressaltou que aqui não tinha luz elétrica, poucas ruas eram calçadas
com pedras brutas, não tinha água encanada e existiam poucas escolas.
“Ipiaú mudou muito, evoluiu também, hoje já temos energia
elétrica, água encanada, já temos até universidade. As novas gerações desfrutam
de uma estrutura melhor que a nossa época” pontuou José.
Ainda de Acordo com José Ipiaú evoluiu pela estrutura, mas
por outro lado a economia ainda precisa melhorar.
“A cidade de Ipiaú evoluiu muito por um lado e por outro,
não. Em relação à estrutura melhorou, mas em relação à economia em meu tempo
era melhor, corria mais dinheiro, época do cacau muita gente trabalhava e hoje
a produção do cacau caiu e muita gente esta sem trabalhar, com isso o dinheiro
não circula como antes” explicou José.
Considerações
A cada dia que converso com as pessoas vou descobrindo algo
novo da história da nossa querida Ipiaú. Personagens que marcaram época e
fizeram o máximo que podiam para desfrutar o melhor da vida, de estar
satisfeito e feliz por apenas viver mais um dia.
A conversa com seu José foi muito gratificante pela
simplicidade e serenidade. Além disso, foi uma soma por saber um pouco da
história e trajetória de vida desta pessoa que ainda terá muita coisa para
contar.
Ao todo, seu José, tem três filhas, oito netos e um bisneto.
E neste presente ano, no mês de agosto, ele irá completar 88 anos com muita
saúde e paz.
“Me sinto realizado, praticamente sou pobre, mas tenho saúde
junto com minha esposa, tenho a minha aposentadoria, algumas casas pra alugar e nós vivemos bem, graças a Deus.
Tenho minhas filhas tudo formadas. E meu recado para todos é que tenham fé em Deus, tenha fé no trabalho, seja
honesto, não seja ambicioso para adquirir coisas ilícitas, não se envolva com
drogas e com bebida. É assim que se vive bem e com a vida boa” aconselhou José.
Vicente Andrade
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