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Dona Maria e seu João |
A escola foi o cabo da enxada e a universidade foi à
experiência de vida que carrega como bagagem.
Seu João Batista (86) e dona Maria Conceição (83) têm
destinos parecidos e uma união incomparável. Ambos são irmãos e viveram do
plantio para sobreviver. O lema dos dois é que se a roça não plana a cidade não
come.
Quando no tempo de criança saíram de Aiquara de trem para
desembarcar em Jequié. E de lá vieram andando até a região do Ribeirão do Félix,
em Ipiaú. Depois foi para a fazenda de Toninho Figueiredo.
Mas o tempo é corrido e tudo muda, foram para a fazenda do
Antônio. Lá, Dona Maria casou com o filho de seu Antônio.
Dai em diante a família começou a crescer. Foram seis filhos
com seu Nilo Rodrigues. Os filhos cresceram e tiveram a necessidade de estudar
e se mudaram para a cidade. Dona Maria relatou que o marido morreu cedo,
ficando viúva ainda nova.
Mas antes disso, dona Maria frisou que sempre trabalhou no
campo, plantava feijão, milho, café, mandioca, quebrou cacau. E assim, criou todos os filhos com carinho e
dedicação, dos seis filhos, ganhou 8 netos e 4 bisnetos.
Analise do Brasil
“Eu vejo o mundo na ingratidão, tanto pobre passando fome,
precisando de escola e de médico e o nosso dinheiro indo para o ralo. Seria
importante gerar emprego, vejo tanta gente desempregada, não sei se é por conta
do roubo do dinheiro público, mas temos que ter fé em Deus e fé na vida que
tudo vai melhorar”. Essas foram às palavras de Dona Maria para analisar o
Brasil.
E no tom de descontração Dona Maria está firme e forte
esbanjando felicidade e ressaltou que “viver é bom e não quero morrer agora não,
Deus me dando saúde quero viver muito
ainda (risos)” finalizou Maria.
João Batista
Seu João Batista acompanhou a história de dona Maria e está
unido para sempre com a irmã. João relatou que aprendeu a ser pai com a vida,
tomando conta dos filhos da irmã. Um ato de simplicidade e amor.
Com 86 anos ele afirmou que a escola foi o cabo da enxada e a
universidade é a experiência de vida. Disse que cada um tem o seu tempo e que
nunca reclamou das coisas. Um católico praticante da igreja de São Pedro, não
perde uma quinzena ou procissão, está presente em todas para agradecer a Deus
pela saúde e vida.
Até hoje seu João tem a terra como uma mãe, pois é dela que
tira o alimento para comer e também para gerar alimento para a cidade. “ Se a
roça não produz a cidade não come, estou certo?” interrogou João
Seu João acompanhou o pai desde pequeno para a roça e foi ai
que a paixão nasceu pela terra. Os pais não tinham dinheiro para que eles
pudessem estudar e então, a escola passou ser o campo.
“Foi o melhor ensinamento que tive. Não tinha como estudar,
mas sempre tive a saúde e a vontade de trabalhar para ganhar o pão. Graças a
Deus, hoje vivo do suor que derramei durantes anos de vida no campo” externou
João.
João ainda disse que casou já grande e gerou um filho que carregará
nas veias a genética para as futuras gerações. Humildemente, seu João, disse
que não tinha muita história para contar, mas a própria experiência, alegria e a
fé já é algo a contar para todos nós.
“Não podemos reclamar da vida, tem gente que vive reclamando,
não pode comer isso ou aquilo por causa de saúde, e eu não tenho problema com
isso. E eu vivo a vida como Deus quiser (risos)” expressou João.
Vicente Andrade
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