Por:
Elis Matos
Ontem, eu estava fazendo uma minifeira, destas
que a gente faz no meio do mês quando sente falta de algum item e aproveita
para comprar mais um vinho. Até aí tudo normal, mas achei um produtinho da
sociedade patriarcal entre um corredor e outro do supermercado. Bem, vou
explicar melhor. Estava eu lá, empurrando meu carrinho, quando cruzo com um
casal jovem, meio hipster. Parece até brincadeira, mas foi bem em minha frente,
que ele pegou forte no braço dela e olhou fixo nos olhos, disse algo, que a mim
foi inaudível, mas que para ela fez um efeito amedrontador danado.
Há uma teoria afirmando que, coisas
deste tipo tendem a acontecer em frente a uma feminista de carteirinha, outras
teorias afirmam que nós feministas vemos violência machista em tudo. Você
escolhe qual teoria seguir. O fato é que casais como este existem aos montes e
com graus de violência ainda piores. Basta consultar as estatísticas que você
verá que, cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos no Brasil. Uma, em
cada cinco mulheres, considera já ter sofrido alguma vez “algum tipo de
violência por parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”, e, PASMEM, o
parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos
reportados, segundo FPA/SESC, 2010.


Bem, o que eu poderia fazer naquele momento? NADA. Apenas, fiz o rapaz perceber que eu tinha notado aquilo e segui fazendo minha feira. Hoje, estou aqui escrevendo este artigo sobre violência contra a mulher e espero que ele possa chegar àquela jovem. Mas se isto não acontecer, que outras mulheres leiam e comecem a analisar suas relações afetivas. Algumas perguntas são suficientes para você enxergar se está ou não sendo vítima de violência física ou psicológica em seu relacionamento. Bem, vamos a algumas delas. Ele tenta lhe afastar de amigos, parentes e vizinhos? Ele te força a manter estilos de comportamentos que vão contra a sua maneira de ser? Ele diz que você não precisa trabalhar e/ou estudar? Durante as brigas ele parece ficar sem controle? Ele te humilha na frente dos seus amigos ou de outras pessoas?
Agora, o mais importante: como denunciar a violência cometida contra a mulher? O primeiro passo é ligar gratuitamente para o número 180 e entrar em contato com uma central telefônica de atendimento às vítimas, que fornece suporte e orientação à mulheres em situação de violência. O “Disque 180” foi criado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres e recebe denúncias de agressões de qualquer tipo, com atendimento 24 horas.
Sei que o caminho que a mulher percorre
até ter coragem de denunciar é longo e sofrido, mas temos aqui um primeiro
passo. Se você sofre ou conhece alguém que sofre este tipo de violência faça
este texto chegar até ela. O feminismo é mais que uma escolha, o feminismo é
uma necessidade. Vamos criar uma rede de colaboração, iguais às redes de
supermercado, de modo que exista ajuda e proteção mútua entre nós mulheres.
Vamos juntas!
0 Comentários