Por Elis Matos
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Foto( Acervo de Elis Matos |
Sabe
aquele momento sublime e único no qual TODOS os adolescentes de uma plateia
prestam atenção, caladxs e atentxs, à sua palestra sobre feminismo? Vivi isso
ontem. Durou trinta maravilhosos SEGUNDOS, rs. Sim, além de escrever, eu também
palestro sobre feminismo. Onde me chamam eu vou! Afinal, a ordem é: Espalhe o
feminismo por aí! Mas, devo confessar que o público mais instigante para mim é
o público adolescente! Então, vem cá, deixa eu te mostrar o porquê! Ah! Mas,
antes, guarda aí esta palavra SO-RO-RI-DA-DE!
Ontem
foi maravilhoso. Sério. Quase sempre é.
No início, ELAS têm um sorrisinho de canto de boca e eles sempre estão desconfiados.
E, como é esperado, sempre rola uma pérola nascida do machismo cotidiano que
engendra nossas relações. “Os homens sempre serão assim! Não tem jeito não”,
“Ah! Tem mulher que veste short curto pros caras olharem mesmo!”. Em meio a
tantas falas, uma foi marcante por tratar da relação entre as mulheres: “Esse
negócio de sororidade nunca vai dar certo. Quatro amigas minhas deram em cima
do meu namorado dentro da minha casa”.
E
agora, como sair dessa? Bem, primeiro vamos esclarecer aqui o que é esta tal de
sororidade. Sororidade é a união e a aliança entre mulheres, baseado na empatia
e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. Ou seja, devemos
criar entre nós laços de união e companheirismo, a fim de fortalecer nossa luta
contra o machismo de cada dia.
Agora,
por que é tão difícil a sororidade ser vivenciada pelas mulheres? Talvez seja
porque desde a infância, somos ensinadas a enxergar as outras meninas como adversárias.
Sejam elas, irmãs, primas, ou as coleguinhas da escola. Quando crescemos
disputamos com outras mulheres o sentimento dos homens, ou simplesmente a
presença de um homem em nossa vida. E concorremos também com sogras, cunhadas,
enfim, onde há duas mulheres o patriarcado infiltra uma competição. Mas, olha
só a novidade que trago: não é porque uma coisa sempre foi assim que deverá ser
para sempre.
O
machismo fortalece-se pela falsa noção de que a repetição de uma prática
torna-a sólida e perene. Em oposição, o feminismo traz a ideia de que devemos
desconstruir atitudes do cotidiano, que julgamos normais, pelo simples fato de
que ELAS NÃO DEVERIAM SER NORMAIS. Competir com e odiar outra mulher NÃO É
NORMAL. Então, vou fazer com você o que faço com as meninas na palestra: por um
breve instante, feche os olhos e pronuncie devagar a palavra SO-RO-RI-DA-DE. A
palavra sororidade é uma palavra doce. Interiorize-a! E a partir de agora, tente
enxergar nas outras mulheres à sua própria imagem. Tenha atitudes para com elas
que você gostaria que tivessem em relação a você! Forme com outras mulheres uma
ligação de amor, empatia e reciprocidade! Só assim nos fortaleceremos! E
lembre-se: A luta é nossa! Vamos juntas!
Elis Matos é ipiauense, feminista, licenciada em Filosofia (UESC), bacharela em Comunicação Social (UESC), pós-graduanda em Gestão Cultural (UESC), no qual estuda os grupos culturais feministas do sul baiano, e mestranda em Linguagens e Representações (UESC), no qual centraliza sua pesquisa em Estudos de Gênero.
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