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Simone Souza Cafezeiro(Foto da página pessoal) |
As páginas sociais além de
aproximar pessoas e formar um ciclo de amizades, também servem para expressarmos
o que sentimos sobre os acontecimentos do cotidiano.
O excesso de informação, a enxurrada
de notícias e a busca pelo sangue tem transformado o jornalismo num deficiente desvio
da função social que lhe é destinado. Em
tese, esse tipo estranho do fazer jornalismo percorre a história e se enquadra no
sensacionalismo midiático. Muitas vezes, o antiético chega ao extremo com
publicações de violência e exposição de pessoas e famílias, indo de encontro
com a lei de proteção de privacidade do ser humano.
Recentemente a ipiauense e
estudante de psicologia, Simone Souza Cafezeiro, expressou um desabafo que
representa muitos jornalistas por esse Brasil imenso. Simone escreveu um texto emocionante
e reflexivo.
Vale a pena da uma lida:
Por Simone Souza
“Recebi
alguns áudios via WhatsApp, com duelos musicais entre as facções de Ipiaú. Por
um instante ainda brinquei: -Eles poderiam ficar apenas nesse duelo, né? Assim,
podem direcionar a criatividade e as insatisfações deles. Ao invés de derramam
sangue de outras pessoas.
Inclusive,
poderiam usar esse talento para fazer letras musicais que denunciassem as políticas
públicas que não funcionam permitindo que tantos jovens sejam amparados pelo
mundo do crime. Muitas vezes não tiveram alternativas e oportunidades melhores que fizessem
parte da própria realidade.
Eu perdi alguém da minha família para o crime. Alguém que cresceu comigo, que brincou comigo. Alguém que foi tão amado por nossa família.
A dor foi imensa. Pela perda, pela violência,
pela aflição de ver o olhar de uma família desamparada pela lembrança de quem
tanto amou e planejou um futuro de amor. Por ver um jovem tão lindo, saudável,
inteligente se envolver em escolhas que o impediram de escrever e viver novas
histórias. Histórias que realmente valessem a pena!
Ele se foi.... E eu nunca vi um velório tão cheio, e com tantos jovens e crianças chorando a morte de alguém, como se ali estivesse um herói. Um rei! Fico imaginando, como ele poderia ter usado aquela admiração que cativou para influenciar aquelas pessoas a direções melhores na vida. Pra escolhas que realmente valessem a pena.
A cada dia recebo notícias de assassinatos a queima roupa aqui na cidade. Vi se espalhar no WhatsApp vídeos de crimes. E por isso me entristeço porque vejo que ao mesmo tempo em que criticamos, transformamos isso num espetáculo, filmado e virilizado em redes sociais.
Os Sites que expõe fotos de pessoas mortas, sem
se preocupar com a integridade emocional e psicológica da família diante da exposição.
Um jornalismo sensacionalista e desrespeitoso!
Escrevo esse texto como um desabafo e um fio de esperança. Esperança de que a informação e a reflexão possam gerar a possibilidade de mudança e de caminhos de escolhas. Que essas palavras, de alguma forma, possam promover essa reflexão em todos nós.
Em nossas escolhas e na forma como temos lidado
com essa realidade.
Eu lamento por todos esses jovens que estão pagando um preço tão alto escolhendo um caminho de morte. Eu lamento por quem morre e por quem mata e por quem fica com a dor.
Ninguém sai ganhando nessa história”.
Eu lamento por todos esses jovens que estão pagando um preço tão alto escolhendo um caminho de morte. Eu lamento por quem morre e por quem mata e por quem fica com a dor.
Ninguém sai ganhando nessa história”.
Simone Souza Cafezeiro
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