
Elis Matos
Elis
Matos é ipiauense, feminista, licenciada em Filosofia (UESC), bacharela em
Comunicação Social (UESC), Especialista em Gestão Cultural (UESC), no qual
estudou os grupos culturais feministas do sul baiano, e mestranda em Linguagens
e Representações (UESC), no qual centraliza sua pesquisa em Estudos de Gênero.
VIOLÊNCIA SEXISTA. ATÉ QUANDO, IPIAÚ?
Ontem à noite recebi um áudio via WhatsApp. Era a voz de um pai de uma aluna da creche municipal de
Ipiaú relatando um caso de agressão ocorrido em frente às crianças que lá
estavam. Um famoso radialista havia adentrado a creche e agredido sua ex-esposa
em frente às crianças.
Uma das partes mais revoltantes do áudio (se é que ele todo
não é um grande bum de revolta) é quando o senhor fala que ele tinha que
“resolver as coisas dele sozinho com a ex-esposa”. Ou seja, O GRANDE PROBLEMA É
A EXPOSIÇÃO DAS CRIANÇAS A VIOLÊNCIA SEXISTA. Sim, este é um problema GRANDE!
Imaginem como não estão as cabeças destas crianças? Me preocupa. Mas me
preocupa também o fato de que a violência contra a mulher entre quatro paredes
é aceitável e até aconselhável. Pelo menos, foi isso que deu para interpretar
da fala. Desculpem, MAS A VIOLÊNCIA SEXISTA É ERRADA EM QUALQUER AMBIENTE.
Quando comecei a escrever crônicas para este site, o fiz,
única e exclusivamente, porque era um canal de comunicação com minha cidade
natal. Por meio dele, eu poderia falar sobre a importância do FEMINISMO para as
mulheres e para os homens de Ipiaú. Esta cidade não conta com nenhum grupo
feminista (não que eu saiba), as escolas não recebem palestrantes sobre o tema
(pelo menos na quantidade necessária). Casos como este de violência doméstica
acontecem em grande quantidade e nós não ficamos sabendo por que o homem
agressor não é “radialista famoso”, nem agrediu em meio público.
A violência doméstica é uma realidade. Segundo o Mapa da
Violência de 2015, a cada 5 minutos uma mulher é agredida no Brasil. A ex-mulher
deste radialista entrou para a estatística da agressão. Esperaremos que ela
entre para a estatística do feminicídio para nos mobilizarmos contra todos os
males provindos do machismo?
Ainda segundo o Mapa da Violência de 2015, UMA MULHER É MORTA
A CADA DUAS HORAS, NO BRASIL. A mulheres estão morrendo pelo simples fato de
terem nascido mulheres. Porque homens, como este radialista, pensam que são
donos dos nossos corpos, vontades e que podem tirar as nossas vidas quando não
obedecemos a suas regras ou quando não queremos mais estar casadas com eles...
Ou por várias outras motivações alicerçadas neste machismo estrutural.
Vocês sabem por que o radialista (os dedos tremem para eu
escrever o nome dele aqui) bateu na ex-esposa? Porque ele se julga dono dela,
das vontades e do corpo dela. Porque ele cresceu em uma sociedade patriarcal
que disse sempre que ele detinha o poder sobre a mulher.
Enfim, penso que este é um momento de importante reflexão
sobre a importância do feminismo para toda a cidade. Amparar esta mulher e
encorajá-la a buscar legalmente uma solução é um bom começo. É preciso julgar e
punir os casos de violência contra a mulher. Avante na luta! Vamos
juntxs!!!!!!!
Elis Matos
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