Antes de iniciar o texto sobre o assunto mencionado no título
precisamos recorrer um pouco sobre o significado de cultura e a sua importância
para a comunidade, neste caso, para a cidade de Ipiaú.
De acordo com o site significados, “cultura significa todo
aquele complexo que inclui conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os
costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente
em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é
membro”.
Neste caso podemos definir algumas características culturais
da cidade de Ipiaú. Em primeiro lugar falaremos da cultura do campo como, por
exemplo, a lavoura cacaueira, a produção de leite, hortaliças e tantos outros
elementos que são produzidos e cultivados em nosso solo. Porém com a queda de
produtividade devido às variações climáticas e a falta de apoio para os
produtores gerou um impacto muito grande para a cidade de Ipiaú. Ou seja, neste
aspecto, podemos identificar o êxodo rural, o inchaço da cidade e o abalo na
economia.
O problema do êxodo rural ocorre ao longo tempo, assim como a
falta de apoio para os produtores. “Se a terra não planta, a cidade não come”. E durante este tempo os produtores vão
torcendo pelo tempo e pela fé, pois nada existe de concreto para incentivar a
vida produtiva no campo. Não sou eu quem diz isso, apenas pergunte aos
produtores, caso os encontre pela rua.
Já na área urbana o espectro cultural vai um pouco além. Em
diversos lugares da cidade, principalmente nos bairros populares, uma gama de
agentes culturais desenvolve a cultura e pouco é visto pelo
poder público. É notório identificar que a cultura e a educação são desprezadas
pelos governantes. Pode observar como estão às condições da maioria das nossas
escolas e a situação que os nossos professores enfrentam.
Até hoje os professores
esperam o pagamento do retroativo referente ao aumento do piso salarial
(janeiro a abril). Fora isso, algumas escolas ainda não foram climatizadas para
acolher os estudantes e algumas ainda necessitam de estrutura adequada para acolher
à classe. Este retrato se torna cada vez mais difícil de ser sanado por sempre
existir o discurso que falta verba para isso e aquilo. Infelizmente o dinheiro
público desce pelo ralo.
Voltando ao assunto da cultura, é notório identificar que a
cidade ipiauense acolhe uma diversidade de artistas que precisam de um espaço para
apresentar a arte e para apresentar os talentos da nossa comunidade. Temos
músicos, artistas plásticos, artesãos e tantos outros que estão escondidos nas
escolas e bairros desta cidade. Válido mencionar, que a cultura não está apenas
em torno da realização de festa, como o São Pedro e o São Roque. É preciso oportunizar
espaços e condições para trabalhar o potencial existente nos cidadãos e sair
deste viés da politica de pão e circo. Estas atrações festivas (São Roque e São
Pedro) são tradições, mas não devemos só depender delas para a promoção de
cultura. Vejo como um exemplo, a cidade de Medelín, conheça mais um pouco.
Juventude em movimento
A secretária de ação
social, da atual gestão de Ipiaú, realizou no último sábado (21), uma roda de
conversa intitulada juventude em movimento. Uma ideia interessante, por outro
lado, parece que foi feito em cima da hora, salvo engano, não chegou a ter nem uma
semana de divulgação. Não vi sucesso neste evento, a ideia pode ter sido de boa
intenção, mas na realidade não houve retorno. O diálogo não chegou a levar ao
menos uma hora de duração. Não houve réplica e nem tréplica, apenas exposição
de projetos por parte da administração e alguns questionamentos de alguns
jovens sobre o movimento de patins e do movimento referente a eventos de
cultura japonesa.
Mesmo assim, foi possível identificar que a maioria dos
presentes era funcionários da prefeitura ou contratados pela gestão. Mas a
participação destes foi salutar para escutar e observar os planos futuristas
que ainda nada tem de concreto. Apenas promessas e muita propaganda!
Pois então, a roda de conversa foi rasa em discussão. Logo de
inicio foram apresentadas umas construções, uma maquete computadorizada de um
complexo esportivo que ia ter de tudo um pouco. Penso que nesta crise que
estamos passando, este projeto realmente será futurista, ou seja, só o futuro
nos dirá o que será feito na realidade. Tomara que algo seja feito.
Por outro lado a apresentação do projeto pareceu uma
brincadeira. Faltou explanar como funcionária, a quem iria atender e qual seria
o custo dessa obra e de onde viria o recurso. No final de tudo, obra por obra, quem
vai esperar e pagar a conta somos nós, cidadãos ipiauenses. Ficou claro também a falta de conhecimento
por parte dos gestores, o projeto apresentado não trouxe novidades e tudo ficou
mais do mesmo.
A visão crítica
construtiva
Existe também uma coisa que vale ressaltar, parece que em Ipiaú
só existe um grupo de capoeira, pois todo evento cultural da prefeitura apenas
um grupo aparece. Só para esclarecer, em nossa cidade existem quatro grupos de
capoeira e cada um deles desempenha um papel social na cidade e precisa
urgentemente de apoio, a exemplo do grupo Águias Acrobatas das professoras Côca
e Isabel, ambas atuam na rua da granja e nunca receberam nem se quer um apoio
do município.
Durante a tal roda de conversa, participei do evento e
pontuei algumas questões como alternativa para a gestão. Acredito que ao invés
de construir projetos futuristas, poderia revitalizar os espaços que ainda
temos em nosso município. Com certeza seria mais econômico e com isso poderia
desenvolver um projeto mais viável e com o custo e beneficio bem melhor.
Citei alguns exemplos como o Parque de Exposições, o Clube
Rio Novo, as quadras que estão inacabadas nos bairros, o estádio, o parque da
cidade, o galpão da praça da feira e o ginásio de esportes. Ou seja, temos
tantas coisas que poderiam ser reaproveitadas e que seriam mais barato e de uma
extrema importância para a comunidade. Penso como um cidadão ipiauense que ama
a cidade e que visualiza o crescimento no ponto de vista prático ao invés de
alimentar falsas esperanças de um crescimento ilusório e desordenado.
Mas tomara que algo realmente seja feito de concreto, pois
para a cultura nada ainda foi gerado e o conselho municipal de cultura ainda
não foi criado. Em janeiro deste ano, o diretor da pasta, em entrevista ao
programa Bote Fé afirmou que o conselho seria montado em Junho, pois então,
ainda nada foi feito.
Tem outra coisa que precisa ser revisto. É preciso estudar
mais sobre governo participativo, este argumento da gestão já caiu por terra,
pelo que eu saiba, governo participativo é quando a comunidade interfere
diretamente nas escolhas e demandas do governo. Eu ainda não vi isso acontecer.
Já em relação à pista de skate, tomara Deus que algo seja
feito. Além disso, acredito que o que falta nos governantes é o sentimento de
pertencimento. Para encerrar, vejo muita propaganda e pouca atitude!
Vicente Andrade
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