Alice e o Rumo Perdido: Uma Análise da Sociedade
Alice estava de frente para o coelho, em um lugar verde com
um caminho quase íngreme logo à frente. Ela o questiona:
— Este caminho vai dar aonde, senhor coelho?
O coelho, de forma lúcida, sincera e filosófica, responde:
— Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.
Este é um pequeno trecho do livro Alice no País das
Maravilhas, uma obra fascinante e gostosa de ler, com uma escrita cativante
e cheia de mistérios. Recomendo a leitura!
É curioso como essa ideia de "não ter um rumo"
parece se espalhar por toda a nossa história. Desde a colonização dos povos
indígenas e a escravidão dos negros, a riqueza foi gerada por meio de roubos,
genocídios e exploração. Mais de 80 povos indígenas foram dizimados entre
1900 e 1957, e a população indígena em geral diminuiu mais de oitenta por
cento, de mais de 1,2 milhão de pessoas.
Já o trabalho escravo foi crucial para a economia colonial,
especialmente na produção de açúcar e, posteriormente, de café. Embora tenha
enriquecido alguns, a escravidão gerou desigualdades profundas e perpetuou a
violência e a exploração, com impactos negativos na sociedade brasileira que
persistem até hoje.
Do período colonial ao que hoje chamamos de Brasil, a
sensação é de que continuamos presos a um ciclo que nos afasta, cada vez mais,
da ideia de civilização. É uma constatação dura, mas difícil de contestar
quando olhamos para os fatos.
E, curiosamente, nunca tivemos tanta informação disponível
para compreender esse cenário. A revolução digital nos inundou com dados, vozes
e imagens em tempo real. Ainda assim, o que consumimos diariamente parece mais
próximo do caos do que da compreensão.
Vou te fazer uma pergunta: quais foram as últimas notícias
que você viu nesta semana — ou até mesmo hoje?
A Revolução Digital e a Violência Banalizada
Vou te fazer uma pergunta: quais foram as últimas notícias
que você viu nesta semana, ou até mesmo hoje? E, o mais impressionante, você
certamente as viu na palma da sua mão, no celular. Isso é brilhante, semelhante
à reação de um indígena que viu um espelho pela primeira vez.
O fluxo de informações é tão imenso que mal temos tempo para
analisar o conteúdo antes de já o compartilharmos com outras pessoas pelo
WhatsApp, Instagram e outras redes sociais. A revolução digital abriu as portas
para a criação de conteúdo, e todos nós temos a possibilidade de criar, postar
e expressar o que pensamos.
Mas o que um assunto tem a ver com o outro?
Perceba que a quantidade de conteúdo que você recebe é de
extrema violência: um massacre aqui, um assassinato ali. Isso causa indignação
e até mesmo medo. Os noticiários estão cheios de manchetes apelativas, e as
redes também. Para tornar a questão ainda mais complexa, a violência não se
limita apenas a crimes, mas também se espalha pelas áreas judicial, política e
ideológica.
O mundo agora parece estar em descontrole, com conflitos
sendo travados não só entre países, mas também dentro das comunidades. E o pior
é que assistimos a tudo isso na palma da mão, sem poder interferir. O que se
percebe é que a violência é um ato histórico e, infelizmente, banalizado.
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