Indiferença e Descrença: O Rumo da Nação
"Eu só peço a Deus Que a dor não me seja indiferente Que a morte seca não me encontre Vazia e sozinha, sem ter feito o suficiente"
Começo este texto citando a canção da compositora Mercedes Sosa. Para mim, ela é uma das artistas com um potencial imenso na defesa dos povos oprimidos e, ao mesmo tempo, uma voz libertadora.
Em frente ao computador, traço estas linhas repletas de informações. De acordo com relatos generalizados, as pessoas não estão lendo tanto. Então, para quem escreverei? Certamente, para você, que está dedicando alguns minutos a estas palavras. Meu sentimento é de gratidão, e também quero parabenizá-lo por estar aqui.
Mas vamos ao que interessa: abordar algo que já se tornou corriqueiro em nosso país. A questão é, em quem acreditar? Vivemos em uma democracia falha, permeada por contextos desconexos que dividem a nação ao meio. Este acontecimento divisório está ocorrendo apenas agora? A resposta é simples: claro que não! A falta de direção e a divisão são ecos de um passado que insiste em se fazer presente.
Para aprofundar este tema, comecemos pelas pesquisas. Mas, antes de pontuar, permita-me uma pergunta: você confia no Judiciário? Estudos como o Índice de Confiança no Judiciário (ICJBrasil), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), já indicaram que apenas cerca de 29% da população deposita sua fé na Justiça. Pouco, não é mesmo?
Corroborando com essa estatística, dados específicos mostram uma queda na confiança no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma pesquisa "A Cara da Democracia" apontou que 36% dos brasileiros não confiam no STF, e mais da metade (50,9%) não confia nos ministros da Corte, segundo outra pesquisa AtlasIntel-JOTA.
Ou seja, a baixa confiança da população brasileira no Poder Judiciário reflete-se em uma série de desafios para a administração pública e a governança. Isso afeta desde a efetividade no combate à corrupção até a própria estabilidade das instituições democráticas. Atualmente, a situação parece uma desordem generalizada, onde insultos e descrédito dominam a engrenagem, nos afastando de sermos uma nação de primeiro mundo.
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O Cenário Político e o Declínio da Educação
E o poder político?
Outro fator intrigante é o fato de uma pesquisa da Quaest, divulgada em julho de 2025, relatar que o trabalho do Congresso é desaprovado por 51% da população, enquanto 42% o aprovam. E você, aprova?
Já em fevereiro de 2023, a AtlasIntel revelou que apenas 24% dos entrevistados confiam no Congresso Nacional, sendo esta a instituição que gera maior desconfiança para 57% da população. Indo mais além, uma pesquisa do PoderData, de junho de 2025, indicou que 47% dos brasileiros consideram o trabalho do Senado "ruim/péssimo" e 44% o da Câmara.
Confiar nas instituições tem sido um fardo histórico no Brasil, ainda mais em um país onde parece que o bom senso e as prioridades populares se tornaram doses homeopáticas para angariar votos e eleições. A canção de Luiz Gonzaga reflete muito bem esse dado trágico que diz: "Olha, que isso aqui tá muito bom / Isso aqui tá bom demais / Olha, quem tá fora quer entrar / Mas quem tá dentro não sai." Por que será?
O que será de nós sem a educação?
Outro temor que precisamos discutir, e que é assombroso e real: qualquer país que se preze e deseje prosperar investe em ciência e educação. Discurso maçante que até dá sono, mas que na realidade estamos vendo o oposto.
De acordo com o site Diário do Poder, na coluna de Cláudio Humberto, o MEC não atingiu a meta, e seis estados retrocederam na alfabetização de crianças.
Ainda segundo o site: "O Amazonas conseguiu sair de 52,2% (2023) para 49,17% (2024). A meta era de 56,8% de crianças alfabetizadas. Passou longe." A Bahia do governador petista Jerônimo Rodrigues recuou de 36,8% para 35,96%. O Pará também piorou e passou de 48,4% para 48,2%. No Paraná, o índice foi de 73,12% para 70,42%. Rondônia também oscilou negativamente e passou de 64,6% para 62,62%. Com o estado inundado no período avaliado, o Rio Grande do Sul teve a pior queda do ranking, saindo de 63,4% (2023) para 44,67% (2024).
Esses números são relevantes para compreendermos nossas deficiências. Alunos aprovados sem condições geram baixa escolaridade e evasão. Mas este ponto é interessante e nos levanta outras perguntas:
Será que nosso país tem solução e qual seria ela? Podemos controlar algo com a nação dividida e sem esperança? Será que é isso que a força política, amarrada por interesses próprios, deseja? Não quero ser pessimista nem dizer que tudo está perdido, mas, sem sombra de dúvida, essa engrenagem já está corroída desde sua criação.
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